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Heróis em construção

Posted on 9 de agosto de 20239 de agosto de 2023

A cena do deserto faz parte de qualquer jornada do herói. São aqueles dias em que os profissionais são colocados à prova para medir o grau de convicção e são tentados a medir a capacidade de suportar a dor em nome de uma realização. Em qualquer lugar do mundo e em qualquer momento histórico e cultural, para se tornar um profissional, será preciso passar pela cena do deserto.

Quando um plano é concebido, ele habita apenas o campo das ideias e das planilhas. Claro que muitos calculam as partes de dor e sede, porém ainda não conseguimos medir nem o tempo nem a intensidade dessas partes na jornada. Ninguém sabe ao certo quando o deserto irá começar nem terminar. Além disso, para movimentar as coisas, é preciso estimular nosso instinto animal, e para isso é preciso evitar menções sobre dor e sofrimento e buscar apenas o prazer da glória de um pódio e de grandes premiações. Nenhum animal se mexe em troca de dor.  Nenhum profissional é atraído pelo sofrimento de cirurgias no joelho, concentrações e disciplina rígida. Mesmo assim, a forma como encaramos o deserto é o que  define o nosso lugar no pódio.

Um bom sinal para compreendermos que estamos entrando no deserto é quando as coisas que costumavam dar certo começam a dar errado. A bola não está mais entrando e a frustração começa a invadir a mente. É uma tentação para qualquer iniciante imaginar que, nesse momento, ele nem deveria estar ali, e que já está na hora de parar. Porém, é também uma provação para ele seguir trabalhando e compreender que se trata apenas de um momento de adaptação, pois ele sabe que está ali porque deve estar e o deserto não irá durar mais de 40 dias.

Um atacante que começa a errar gols fáceis, como é relatado por diversos técnicos, entra em uma espiral de desconfiança sobre si mesmo. Alguns encaram isso no sentido de que devem compreender melhor a sua função e readaptar o jogo trabalhando. Outros, porém, procuram alívio para essa ansiedade em alguma válvula de escape qualquer. É a seca de gols e ela invade a vida de qualquer pessoa, seja você um artilheiro ou um auxiliar de escritório.

As metas que costumamos traçar em nossas vidas não passam de fases que, se cumpridas, nos levam mais adiante nessa jornada do herói. A parte do deserto é inevitável e um dos momentos mais marcantes, pois ela é o fundamento para o personagem encontrar algo que estava faltando nessa caminhada. No deserto, o personagem encontra a si mesmo.

Um artilheiro precisa saber com todas as suas forças que ele é um artilheiro, e o deserto é apenas uma fase de sede, reflexão e trabalho. Ninguém pode nos impedir de chegar à final do campeonato, que nesse caso é lapidar o herói em construção para que ele seja e evitar no futuro que nos encontrem por aí dizendo que poderíamos ter feito alguma coisa.

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