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BUSCAI A VANGUARDA

Posted on 30 de outubro de 202422 de novembro de 2024

É melhor mudar rápido do que não mudar por conta do medo. Não há segurança alguma em se manter preso em uma caverna aparentemente segura. Por outro lado, as mudanças precisam servir a um propósito de ajuste nas coisas que já vêm sendo feitas, ao menos, claro, que esteja tudo errado, e mesmo assim, a mudança não irá acontecer no tranco, na porrada. As mudanças devem servir à vanguarda de tudo que é feito, e a vanguarda se encontra apenas a um passo à nossa frente. A nossa frente, não na frente dos outros. 

Família de jogadores

As grandes rupturas de comportamento e técnica não ocorrem por acaso. Ronaldinho Gaúcho nasceu em uma família de jogadores, e isso possibilitou que suas capacidades em relação ao futebol fossem trabalhadas desde os primeiros momentos. As ideias sobre o jogo, a observação crítica dos adultos a respeito do caminho certo nessa carreira, e a cultura familiar foram os primeiros ingredientes que invadiram a sua imaginação. Foi a pessoa certa no lugar certo. Um berço que parecia estar o aguardando para que fosse ele um agente causador de mudanças no mundo do esporte. 

Um caso parecido é o de Michael Jackson, um talento que nasceu em uma família de músicos. Da mesma forma, tudo foi trabalhado desde os primeiros desenvolvimentos cognitivos. Quando ele dançou o Moonwalk pela primeira vez, parecia de outro planeta; porém, foi apenas uma pessoa extremamente desenvolvida que haiva entrado em contato, consciente ou não, com muitas coisas já haviam sido feitas no mundo do entretenimento artístico. Ele rompeu com a forma de se posicionar na indústria da música, mas as mudanças nas quais ele trabalhou para oferecer ao mundo foram meticulosas e nos pequenos detalhes. Nunca foi uma questão de romper conceitos, mas de expandir os limites que estavam estabelecidos até aquele momento. Ele buscou a vanguarda de si mesmo e por acaso, acabou sendo a vanguarda do mundo, naquele momento. 

As mudanças não ocorrem com ideias direcionadas, simplesmente, para mudar as coisas. Revoluções são raras, raríssimas, e pouco legítimas. Temos a impressão de que as coisas mudaram pela implementação técnica de um novo dispositivo. Parece, para o leigo, que houve uma revolução; porém, há muita história pregressa conectada nesses avanços.

O mito da revolução de comportamento, o mito da revolução científica e de qualquer área de atuação humana serve para estimular o espírito empreendedor. Mas a verdade é que nada é construído no vácuo. Nada surge de uma ideia original e sem ligação com milhares de outras ideias. Nada surge de uma ruptura com o que já foi feito. Somos apenas um mísero tijolo nessa jornada humana conectada com tudo e com todos. 

Mas esse mísero tijolo para o mundo é o próprio mundo para nós. E, da mesma forma que imaginamos que as coisas rompem fluxos no mundo, julgamos, muitas vezes, que precisamos de algo para romper o nosso próprio fluxo de funcionamento. Muitas pessoas têm o desejo de inovar nos próprios comportamentos para satisfazer as demandas da carne e do espírito. Nós também empreendemos internamente em nossas vidas na forma de comportamentos meticulosos e minúsculos e, por vezes, julgamos que podemos inovar mais do que deveríamos, mesmo correndo o risco de que nosso maior cliente, ou seja, nossa própria consciência, não esteja disposto a contratar esse novo serviço inovador e cheio de novos parâmetros.

Um vício não se instala em nossa vida por acaso. Um vício se instala pois ele nos oferece conforto e aparente segurança. Um vício nos oferece a ilusão de que estamos cumprindo com a nossa vida, mesmo dentro de cavernas fechadas e claustrofóbicas. Uma série de oportunidades nos aguarda fora da caverna, mas temos medo de incorrer em perdas irreparáveis. O medo é bom. O medo nos faz acautelarmos para dar passos mais seguros em direção ao futuro. Porém, quando ele nos faz “acadelarmos”, como diriam os gaúchos, temos um vício em nossa frente.

O vício é uma prisão. O cenário do viciado é uma eterna repetição das mesmas circunstâncias, porém com outros figurinos. Quem assiste a séries na Netflix sabe muito bem que, assistindo a meia dúzia delas, assistiu todas. Tudo igual, apenas com outros atores, outros figurinos. Para o viciado, são as mesmas pedras de tropeço com outras roupas, outros figurinos, outros streamings.

Mas o vício não diz respeito apenas a drogas. Eis mais uma ilusão do moralista, que julga a si próprio como livre de vícios, portanto, livre. Somos viciados, acima de tudo, em comportamentos e sensações. Quando assumo a mesma posição e atitude em relação à maioria dos problemas, apenas estou mostrando que tenho um modo de agir que julguei ser o mais adequado para a maioria das tarefas que surgem à minha frente. Antes mesmo de que os conflitos surjam, eu já sei que assumirei a mesma postura. Posso ser agressivo e resolver as coisas nesses moldes; posso ser amoroso e transmitir esse funcionamento para tudo. E podemos nos tornar viciados nesses comportamentos e negligenciar as oportunidades de mudanças, pois incorrer em ajustes exige pensamento, escolhas e perdas. Mudar exige energia. 

Trabalhar em uma imagem pessoal requer esforço, prática e continuidade. Quando colho frutos da imagem que criei, penso que encontrei a fórmula para “ganhar” os desafios que a vida me oferece. Porém, o mercado das relações humanas é complexo demais para assumirmos uma única posição. O agressivo irá encontrar uma filha precisando de carinho; o amoroso irá encontrar a mesma filha precisando de disciplina e ordem.

Viciados em comportamentos

Nenhum vício nos leva à liberdade. No entanto, mudar as coisas repentinamente pode não engajar e inclusive afastar nossos “compradores” atuais. Nossa própria mente parece não considerar mudanças bruscas. Mudar de vida na segunda-feira não parece ser uma opção. De repente, tudo mudou. Como assim? Onde estão minhas referências? E, nesse questionamento, logo que a energia baixa, vamos correndo para as coisas que nos davam a ilusão de segurança. Caímos nos vícios novamente. Caímos nas drogas, no tigrinho, na agressividade imatura, no sentimentalismo tóxico. Caímos nas pedras que já estão ali em nossa prisão cognitiva. 

Conservar as coisas de valor significa o mesmo que fazer pequenos reparos diariamente. Conservar nossas amizades, nossa profissão, nossa espiritualidade. Conservar nossa família. Os elementos que pedem ajustes são compreendidos na reflexão, na oração e na intimidade com o Espírito. A partir daí, para fugir da prisão dos vícios de comportamento e sensações, podemos ajustar uma coisinha ali, outra aqui, e ampliar a nossa vida em direção à liberdade plena. Eis a vanguarda das coisas em nossa vida. Um passo à frente, nada muito além disso. 

Eu imagino o medo como uma corrente em meus pés. Eu imagino essa corrente tornando-se cada dia mais frágil de acordo com minhas pequenas mudanças em direção a uma inovação definitiva com Deus. Eu sinto essa corrente mais frágil a cada passo de vanguarda pessoal que consigo dar. 

Buscai a vanguarda em todas as coisas feitas.

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