Enxergar os limites
O esporte é uma excelente plataforma para que qualquer ser humano enxergue seus limites. Limites limitam, e, no caso de um ser humano, essas linhas que definem o nosso território estão gravadas na mente.
Medo, preguiça, insegurança… são emoções que ditam nossos limites e, por consequência, nosso campo de atuação. Mas, quando superamos um limite mental, conseguimos expandir nossa mente para outros territórios, um território que já era nosso, mas estava sob o domínio de emoções que você não produziu de forma consciente. Quando você não supera os limites da sua mente, a preguiça, o medo, a raiva e os desejos mais básicos pegam um pedaço do território que deveria ser seu.
Imagine que, logo após aquele limite que está sendo comandado pelo medo, existe uma nova fonte de energia capaz de fornecer a força que você está precisando para melhorar seus rendimentos profissionais.
Agir para superá-los
Enxergar um limite é o primeiro passo. Depois disso, a ação é uma decisão íntima e pessoal. Mas, mesmo que essa pessoa que acabou de enxergar um tipo de limite venha a decidir por não fazer nada, um tipo de pressão parece atacar a todos que conseguem perceber alguma limitação.
Pense em um jogador que descobre que está tendo dificuldades na hora do chute porque pensa nas cobranças da torcida. Ele pensa em não errar, ao invés de acertar, e acaba errando. Boa parte de seu território de potência mental está nas mãos do medo.
Ele pode agir e trabalhar a mentalidade, ou pode se manter pressionado, julgando que a torcida está pegando no pé.
A torcida não irá parar, e o adversário, quando perceber essa falha na defesa mental do jogador, irá utilizar essa brecha para vencer o jogo.
O chamado
De qualquer forma, para qualquer pessoa, existe uma pressão constante para que nossos limites sejam protegidos ou sejam expandidos. Está no ar, está na cultura, na cobrança das pessoas à nossa volta. Trata-se de um espírito de movimento que aponta para um lugar ainda desconhecido, dentro de qualquer atividade humana.
O ser humano é chamado a percorrer uma estrada física com uma porção de rotas mentais.
Somos chamados a vencer a nossa natureza para invadir o sobrenatural. Natural é deixar-se levar pelas vontades e mudar o plano só porque a preguiça atacou logo cedo pela manhã de segunda-feira. Quando ela ataca, o natural é aceitar a sua proposta:
Preguiça: — Aceite-me, pois eu sou algo natural. Você está cansado. Fique mais um pouco na cama, e eu vou te aquecer por mais 5 minutos nesta segunda-feira pela manhã. Você ainda tem muito tempo para seguir seus planos.
Dessa forma, para vencer, é preciso aceitar outro chamado, o sobrenatural, e lutar contra essa natureza humana.
Resposta sobrenatural: — Vou expandir meu território. Agora.
Considere que, sempre que você vencer esse tipo de inclinação natural, seja uma irritação no trabalho, essa preguiça na hora de levantar, aquele controle de gastos com supérfluos, você estará vencendo uma tendência natural ao tropeço. Você estará sendo sobrenatural e expandindo o seu território mental.
Com auxílio
Na infância, a família já nos cobra para superar a preguiça e aquelas vontades naturais. Ninguém deseja, de forma natural, arrumar o quarto, lavar a louça ou varrer o pátio. Ninguém deseja comer rúcula de forma natural. Somos estimulados a vencer nossos limites para expandir nosso território.
São os primeiros passos, as primeiras experiências de superação de limites e expansão de território. Depois dessa expansão básica, por ordem dos pais e familiares, as crianças adquirem virtudes e tornam-se mais fortes porque expandem seu território mental.
Mas, na fase adulta, as pessoas não nos ordenam da mesma forma. Elas sugerem, são cautelosas, pagam para dar ordens a nós e, inclusive, procuram conversar dentro dos nossos limites, que acabam ficando visíveis.
Sem auxílio
Sem o olhar dos pais, podemos manter nosso quarto bagunçado sem aparentes problemas. Agora que somos adultos, temos essa opção, e poucas pessoas serão enfáticas a respeito desse nosso limite de comportamento.
O adulto não costuma gostar de ouvir críticas em relação a algo que fale sobre seus limites, e costuma sentir uma crítica como um ataque. Dessa maneira, elas rareiam, e passamos a ficar cada vez mais isolados em nossos costumes, nossas inclinações e vontades naturais.
Na profissão — o feedback positivo
Na vida profissional, coisa de adultos, criou-se uma ferramenta teórica chamada de feedback. Basicamente, trata-se de uma conversa amigável e pacífica sobre os limites individuais de mentalidade (pois geram comportamentos) que podem estar atrapalhando o funcionamento coletivo. Essa ideia vem revestida de um acolhimento em relação aos indivíduos, por conta das inúmeras diferenças que formam as equipes e ambientes de trabalho.
Eu realmente acredito que isso seja um bem para todos.
Porém, dentro do esporte, mesmo que os técnicos utilizem o feedback positivo e acolham e abracem as diferenças dos atletas, todo acolhimento será confrontado por uma equipe adversária com seus próprios métodos e formas de conquistar.
É isso que os pais fazem quando impõem tarefas, regras de organização e tempo de estudo para as crianças. São tarefas que levam as crianças a superar seus limites mentais.
O trabalho dentro do esporte oferece um tipo de feedback que é difícil de encontrar em qualquer outro lugar.
Os técnicos observam e sugerem novos limites para os atletas, e os adversários testam e oferecem informações pertinentes para quem deseja crescer de verdade.Dentro do esporte, a evolução física, mental e espiritual é testada constantemente, porque os adversários não respeitam nossas fronteiras.
O esporte, ao mesmo tempo que acolhe, testa as mentalidades de cada um. Por isso ele é tão transformador.