Não se trata apenas de dinheiro, mas sim de atitude. Um profissional irá trabalhar, mesmo indisposto, cansado, doente ou sem motivação, em qualquer profissão. Professores, corretores, bancários e mecânicos todos se levantam animados por um ou dois motivos. Aqueles que possuem dois motivos tornam-se profissionais, enquanto os que possuem apenas um tendem a ficar insatisfeitos com o recebimento rotineiro de uma quantia considerada insatisfatória e reclamam das diversas condições que surgem na vida de qualquer pessoa.
O motivo número um é o dinheiro, e muitas pessoas tentam explicar o mundo apenas sob essa perspectiva. Acreditam que o dinheiro funciona como combustível para evitar o acionamento do botão soneca. Basta ter uma quantia adequada nas relações e a motivação para o rendimento aparecerá. No entanto, essa visão é simplista, superficial e não explica quase nada.
A realização financeira é o objetivo da maioria das pessoas que vivem em situações precárias, às vezes nem tão precárias, mas passam o mês preocupadas com contas e boletos. É possível imaginar que essa seja a perspectiva de um país inteiro, como no caso do Brasil.
Essa pressão material invade todo o aspecto emocional das pessoas e dá a sensação de que, resolvendo as finanças, tudo estará resolvido. Porém, ao chegar lá, como acontece com muitos jogadores de futebol, a motivação número um, quando solitária, faz com que o aparente sucesso volte ao vazio concreto de não ter objetivos reais. Vencer a fome jamais deveria ser um objetivo na vida de alguém.
Um profissional é caracterizado pelo cumprimento do seu ofício da melhor maneira possível. Ele precisa dominar a arte de sua tarefa e desvendar os mistérios que cercam o aperfeiçoamento de suas próprias habilidades. Nenhum dinheiro é capaz de comprar isso. No entanto, no campo profissional, quando alguém desvenda as chaves da profissão, isso tem valor, é claro, mas também representa a honra de alcançar o sucesso. A fama passa, mas o sucesso dos métodos sempre avança.
O amador espera pela inspiração para começar a trabalhar, enquanto o profissional recebe a inspiração enquanto trabalha. Como dizia Tom Jobim: “Geralmente, a inspiração chega às sete da manhã. Em ponto!” O sucesso verdadeiro e duradouro vem disso. Caso contrário, ao atingir um salário específico e adquirir certos benefícios, o profissional pode acreditar que concretizou o que precisava. Esse é mais um elemento que contribui para o problema de nossos talentosos jogadores que sucumbem antes dos 25 anos.
Sucesso não é fama, sucesso não é dinheiro. Sucesso é fazer o que deve ser feito com os talentos que nos foram entregues desde o nascimento, até o fim.