A vitória começa na mente. Alguns jogadores já nascem praticantes, ou seja, nascem envolvidos 100% na prática esportiva. Brincar com a bola é comum no Brasil, mas praticar diariamente, como a profissão exige, não é tão comum assim. Muitos atletas de alto nível acreditam que, se tivessem começado um pouco mais cedo, se tivessem levado as atividades um pouco mais a sério e de forma mais consistente, poderiam ter alcançado resultados ainda melhores.
Mas, aqui no Brasil, a maioria dos garotos lamenta não ter nascido com o dom do esporte ou ainda, sem o dom de se manter focado em uma única atividade por muitas horas, desistindo antes mesmo de começar uma carreira profissional no futebol. Por aqui, o desejo de se tornar jogador de futebol profissional é muito comum entre os homens.
O futebol não é apenas uma porta de entrada para a esfera profissional da vida, mas também uma oportunidade para se alcançar o alto desempenho. O chamado para alta performance cobra caro na vida dos jogadores. São inúmeros sacrifícios que funcionam como uma régua de corte. Somente os mais fortes conseguem e essa força não significa apenas a força física. Ela é mental e espiritual. Podemos observar um atleta levantando mais peso, correndo mais rápido e resistindo mais que os outros, mas não conseguimos enxergar o que de fato o faz seguir em frente, sacrificando horas de treino e academia, suportando dores e críticas da imprensa.
As pessoas comuns costumam imaginar que o salário alto deve pagar por esse foco, mas não é assim que funciona, pois, caso fosse, teríamos milhares de Cristianos Ronaldos, Messis e Gabrieis. O que move a alma de um atleta vencedor é invisível aos olhos. Gabriel Dirceu é um jovem atleta de 18 anos que nasceu no Rio de Janeiro e já está circulando pelo universo do futebol deixando a sua marca. Ele desperta uma certa inveja em muitos homens mais velhos quando ouvem os seus relatos. “Eu preciso entregar 100% do meu esforço”, repete ele, para si mesmo e para quem está perguntando sobre a sua forma de enxergar a sua rotina.
Ele acorda cedo e trabalha cerca de 7 horas por dia. Ele treina mais do que pedem, mais do que cobram, mais do que qualquer um. Ele treina porque tem um compromisso com a própria vida. O universo do futebol oferece uma questão que tem se tornado rara em nossa cultura atual. A circunstância entre crescer ou ser cortado do time. Melhorar ou perder a posição para outro atleta. Mas, perder para outro atleta melhor? Na grande maioria das vezes, outro atleta não é simplesmente melhor, ele é mais focado do que você.
O tempo passa rápido, ainda mais para jogadores de futebol e o momento torna-se o presente, o hoje, o próximo minuto. Gabriel aprendeu isso aos 14 anos quando ouviu de um técnico que seria cortado caso não melhorasse. Ele entendeu o recado. Nas escolinhas, ele desfrutava de um ambiente amistoso e divertido até os 13 anos. As cobranças ainda não eram intensas e todos gostavam dele, gostavam do futebol que ele apresentava, e ele era um dos destaques da equipe. O sonho do futebol profissional ainda era um sonho brilhante.
No entanto, ao passar em um teste para o time profissional da Portuguesa do Rio de Janeiro, ele teve seu primeiro contato com a dura realidade do futebol profissional. A diversão desapareceu, os resultados tornaram-se cruciais, e a adaptação tornou-se uma questão de continuar ou não na vida de um atleta profissional. Aos 14 anos, no início de uma temporada atuando pelo sub-15, ele já não era mais um destaque, não jogava muito, e ainda não havia se adaptado ao futebol profissional. O técnico o chamou: “Eu só vou assistir mais um jogo seu, a menos que você se adapte, que melhore, que seja mais determinado, você estará fora do time”.
Ele voltou chorando para casa, mas esse, talvez, tenha sido o dia mais importante da sua vida. O dia em que ele decidiu que seria o melhor a cada dia. Neste momento, apesar de ainda ser um jovem cheio de sonhos e fantasias sobre o futebol, a vida o desafiou a crescer, o futebol o desafiou a amadurecer, e o desafio foi aceito. A partir desse momento Gabriel adotou um método em que o foco principal era superar as expectativas em todos os momentos.
O comum para um atleta profissional costuma ser treinar uma vez por dia com a equipe, frequentar a academia e focar na recuperação. No entanto, Gabriel começou, além de treinar com a equipe como todos fazem, ele passou a frequentar a academia todos os dias, aprimorar a técnica, melhorar a alimentação, o alongamento, o sono e buscar informações sobre como desenvolver a mentalidade de atleta. Como lateral direito ele sentia que a sua perna esquerda não era tão boa e colocou um desafio para si, todos os dias ele chutaria 200 bolas com a perna esquerda, menos aos domingos em que ele pratica apenas a metade da carga nos treinos.
Esse desafio o fez desenvolver uma lesão crônica no quadril e muitas dores o acompanharam durante a temporada de 2021. Mas, num dos últimos jogos, jogando pelo Volta Redonda, ele conseguiu cortar para dentro e fazer seu primeiro gol com a perna esquerda. “Essas lesões, por estresse, mesmo doendo muito, são parte dos grandes momentos da minha carreira. Ali eu sei que fiz tudo, que entreguei tudo que eu pude, que dei o máximo para ajudar o time e conquistar os objetos. Eu sinto dor, mas sinto muita alegria quando essas lesões acontecem”, relata o atleta.
Ele compreendeu que o sucesso reside principalmente na mentalidade. Treinar mais, dar aquele esforço adicional, não é apenas uma questão física, mas sim uma questão de pensamento, ideia e conceito. Gabriel desenvolveu um conceito claro e o aplicou em sua vida: “Eu preciso ser obcecado pelo alto rendimento.” Ele conseguiu incorporar essa obsessão.
Mas alguém pode questionar: E o preço dessa disciplina extrema? Não se trata somente de lesões. Sim, o corpo cobra seu preço, mas além disso existe o custo social. Gabriel é focado e não desvia de seus objetivos, talvez, as lesões sejam a parte mais fácil de lidar. Nenhum atleta de alto rendimento consegue conquistar um lugar no pódio se permitindo distrair com questões desalinhadas de seus objetivos. Gabriel leva uma vida extremamente disciplinada, enfrentando as consequências sociais e até mesmo profissionais dessa escolha.
Mesmo dentro de equipes profissionais, e talvez isso seja um problema brasileiro, nem todos os jogadores e clubes compartilham esse nível de foco e determinação.
Certamente, ele alcançará seus objetivos e estamos contando os dias até novembro de 2032, quando ele se tornará o melhor do mundo, como ele mesmo decidiu e informou a todos. Acreditamos nele porque acreditamos que o desenvolvimento mental é fundamental em qualquer profissão ou para qualquer pessoa. Acreditamos nele porque acreditamos que a vitória começa na mente. Acreditamos nele pois ele já venceu no campo mental.
O espírito que Gabriel Dirceu compartilha por onde passa pode ser o único caminho para que não somente conquistemos novamente a Copa do Mundo, mas também um lugar melhor para nossos jovens. A gente já consegue imaginar ele lá, na lateral direita, com a nossa camisa 2, realizando ótimos cruzamentos, defendendo e apoiando o time.
É possível até prever que, na semifinal contra uma equipe europeia, ele vai avançar pela direita até bem próximo à entrada da área, vai ameaçar um cruzamento mas vai cortar para dentro, deixando a bola ajustada para a perna esquerda. O chute sai certeiro e com força, fazendo uma curva, vencendo o goleiro belga. Gol! Brasil 2, Bélgica 1.
O Brasil avança para a final, e Gabriel é eleito o melhor lateral da Copa do Mundo de 2030. Gabriel Dirceu estará nessa Copa. Aguardem!
