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Carregadores de piano

Posted on 8 de agosto de 20238 de agosto de 2023

Tudo comunica. Tudo é uma mensagem. É como se fôssemos obrigados por nós mesmos a viver num ciclo infinito de comunicação. Isso pode ser comprovado com o fenômeno das redes sociais. É um instinto, um gatilho acionado logo após o parto. Já saímos berrando e, caso contrário, algum problema aconteceu.

Todas as nossas habilidades enfrentam o dilema de comunicar de maneira eficaz o que está no campo das ideias. Um esporte que exige habilidades, como o futebol, é uma forma de comunicação, assim como um texto publicitário. O objetivo é eliminar tudo o que não comunica e deixar apenas o essencial. Dessa forma, existem muitas “escolas” com estilos diferentes.

O drible, que para muitos é a cereja do bolo, para outros é um desperdício de energia. Há quem veja o futebol como uma estatística, e há quem o veja como uma expressão artística. Ambos têm sucesso em momentos diferentes, mas nenhum estilo se mantém no topo para sempre.

A estrutura física das equipes evoluiu de tal forma que o jogo tornou-se muito semelhante em todos os lugares. Estamos em um período de ajustes táticos e novos atletas estão se adaptando às novas exigências físicas e táticas. Quem não corre, não joga. Quem pensa demais, não joga. Quem “enfeita” muito a bola, não joga. O time é focado nos carregadores de piano.

Há uma ou duas décadas, os carregadores de piano eram necessários em qualquer time. Era crucial ter um na equipe para obter sucesso. Esse jogador precisava ter uma boa visão de jogo, interromper as jogadas do adversário e ter um terceiro pulmão escondido em algum lugar do corpo. Com o tempo e o avanço da preparação física, o número de carregadores de piano aumentou drasticamente. Pode-se dizer que hoje em dia, em um time campeão, nem sempre há um jogador de dribles plásticos, e certamente, se houver, ele não poderá “pentear” a bola. Como no caso do Manchester City, campeão em 2023, De Bruyne é o grande jogador habilidoso, embora não seja nada espetacular de se ver.

Assim como na comunicação, busca-se extrair o máximo da mensagem objetiva. Os textos precisam ser rápidos, pois o público não tem mais paciência para ler e compreender mensagens mais complexas, com jogos de palavras e que exijam raciocínio. O futebol televisionado, que vive de lances em close, requer movimentação. Isso é um estímulo natural no meio televisivo em que nos encontramos. 

No espetáculo do futebol, onde os placares são baixos, com a pontuação escassa, a bola precisa circular com objetividade. Tudo o que não comunica é descartado. O redator que “pentear” a bola está mais interessado na arte do que no gol e os jogadores  que ainda utilizam o pretérito mais que perfeito em jogadas de efeito já não fazem mais sentido na linguagem do futebol.

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