O calendário dos jogos de futebol está gravado no imaginário coletivo há décadas. Mas atualmente tem ocorrido, basta dar uma olhada nas redes sociais, uma espécie de frustração com a nova distribuição da transmissão dos jogos.
Por muito tempo, tivemos o monopólio de uma ou outra emissora, e isso, de certa forma, era reconfortante. Sabíamos exatamente o horário e os dias dos jogos, não precisávamos perguntar a ninguém. Quarta-feira, 21:30, lá estaria o jogo. Qualquer jogo, geralmente importante o suficiente para saciar a vontade de assistir uma partida, independentemente do time envolvido. A verdade é que nem sempre o jogo precisava ser do seu time, pois o propósito de assistir vai além de torcer.
Um jogo de futebol, entre tantas outras funções, serve como válvula de escape para muitas pessoas. Assim como a válvula em uma panela de pressão alivia a tensão e evita que a panela exploda, um jogo de futebol proporciona alívio. A rotina e a disciplina que ela exige precisam de certas recompensas para serem concluídas com um mínimo de satisfação. O conforto de ter um jogo às 21:30 de uma quarta-feira, bem no meio da semana, não pode ser mensurado apenas pelas vitórias e glórias de um clube. Trata-se de uma pessoa comum, tentando enfrentar suas dificuldades cotidianas, e o jogo também pode ser comum.
Contudo, o jogo precisa estar lá no horário certo, no meio da semana. Não no sábado ou na quinta-feira (eventualmente, tudo bem), mas na quarta-feira, no meio da semana.
Toda uma estrutura social corre o risco de colapso com essa disputa pela transmissão dos jogos. Dizem por aí, e isso também pode ser percebido nas redes sociais, que casais, jovens, solteiros e uma ampla variedade de pessoas estão jogando beach tennis em plena quarta-feira, tudo por causa da instabilidade na programação dos jogos.
Não adianta, a regra é clara: ao menor sinal de insatisfação, o cliente migra para a concorrência.