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O futebol sincero

Posted on 13 de julho de 202313 de julho de 2023

O futebol é uma indústria, uma das maiores, uma máquina que abrange milhares de profissionais em diversas categorias. Cada um deles tem seu papel nessa grande estrutura, mas o produto desse trabalho todo é direcionado para um cliente final: os torcedores.

São eles que movimentam um time, vestem camisetas, compram ingressos e, principalmente, se associam ativamente. No entanto, considerando que a maioria desses torcedores é “clonada” desde o nascimento, com os mantos das equipes sendo passados de geração em geração pela família, é mais plausível fidelizar clientes antigos do que tentar conquistar novos.

A fidelização é um ponto crucial para qualquer negócio e custa muito menos do que conquistar novos clientes. Para o futebol, para os clubes, é possível que esse seja o único caminho a ser trilhado. Nesse percurso, novos adeptos surgem, mas a conversa é direta. “A conversa é com você, que já frequenta o meu estádio!”

Nas arquibancadas, a única linguagem é a emoção. Os torcedores reclamam das escalações, do gramado, do horário dos jogos, das contratações ou da falta de contratações de jogadores de peso. Para o torcedor, tudo é emoção. Porém, de forma inversa, o futebol tornou-se uma máquina de cálculos e estatísticas, onde a estratégia para vencer é mais aplaudida do que a estratégia para jogar bem. Jogar bem não é o primeiro objetivo de um técnico. Vencer, ou não perder, é o fim.

Com as vitórias, ou a ausência de derrotas, os torcedores identificam uma espécie de energia vencedora. O número de sócios tende a aumentar e com isso a estrutura do time pode ser mantida. No entanto, como nenhum time se mantém incólume em qualquer campeonato, as derrotas surgem, as crises se instalam e o número de sócios diminui.

Muitos times tentam contratar jogadores de peso para inflamar o ânimo dos torcedores em momentos de crise. A expectativa é que as vitórias apareçam com essas contratações, mas isso nem sempre acontece. 

As grandes estrelas, que custam muito para o clube, não raro acabam representando apenas uma venda de camisas. Nos gramados, aquele mesmo instinto do torcedor que identifica uma energia vitoriosa na equipe, capta uma espécie de falsidade, uma simulação do verdadeiro futebol. Muitas equipes, formadas apenas pelo investimento financeiro, não conseguem entregar um dos principais combustíveis para a fidelização dos clientes: a sinceridade do jogo.

Um time que se entrega ao máximo não é comprado. Ele é formado, lapidado e precisa representar o torcedor. Para representar o torcedor, ele precisa ser formado nas bases do clube, sob os preceitos e carismas que a camisa carrega. De nada adiantará contratar um jogador famoso que não se encaixe nos preceitos do clube.

A única estratégia realmente eficaz é fidelizar o cliente. A única forma de fazer futebol deveria ser atender ao torcedor onde mais lhe toca, e nas arquibancadas, quem manda é a emoção que o coração emite. 

Quando um time é derrotado, mas entrega tudo dentro de campo, os sócios não vão embora. O torcedor reconhece a honra da equipe. O futebol sincero fideliza. O futebol sincero pode ser um sonho distante, pois é contrário à matemática e à ciência esportiva atuais. 

No futebol sincero vale mais um atacante destemido, bruto e tosco do que a afetação de um driblador simulando faltas e lesões em dias de sol. O torcedor é conectado pela emoção, e a vitória, somente a vitória, não cria essa conexão.

Só a sinceridade emociona.

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