Vocês já devem ter ido a um circo. Eu fui recentemente e percebi um detalhe importante. O erro faz parte da emoção que o espetáculo proporciona. Aqueles malabaristas vão aumentando a dificuldade do movimento ao ponto de parecer muito arriscado.
Na primeira tentativa, metros do chão, eles quase caem e, ao que tudo indica, poderiam ter se machucado muito. A plateia fica apreensiva, mas compreende que existe um limite humano ali, prestes a ser ultrapassado, mas é humano.
Tudo que é humano tem suas consequências medidas na dor. Sabemos o quanto dói cair e podemos imaginar que cair daquela altura irá gerar muita dor. A plateia prende a respiração na terceira tentativa. Mas eles conseguem o feito e são aplaudidos energicamente. Os erros antes da conquista são partes da história.
Nenhuma história existe sem uma queda que coloca o herói em uma caminhada para o alto. Sabemos disso mesmo sem raciocinar a respeito. Tudo que tentamos fazer é precedido de muitos erros até que chega a hora do acerto. Neste momento digital que estamos vivendo, uma nova consequência, devastadora, nos é imposta.
A rejeição em massa que uma expressão mal colocada pode gerar. Um pequeno erro de expressão pode colocar um indivíduo para fora do eixo social como algo a ser rejeitado. Este é um preço muito alto para qualquer jovem iniciante em qualquer coisa. O futebol é uma expressão assim como a música.
Com medo de errar, nenhum diamante será lapidado, nenhum jogador irá falar ao público, nenhum músico irá criar algo novo.
Com medo de errar, recorremos ao básico já feito, ao raso que nos dá segurança, e quem for para o fundo será considerado louco e inconsequente por ter tido coragem de encarar as possibilidades do mar profundo.