A preguiça é um dos pecados capitais e não por acaso muitos teólogos dizem que é a partir dela que todo o tropeço se inicia. Nas teorias de consumo, busca-se levar ao consumidor mais comodidade.
Dessa forma, tudo que pode causar ansiedade é retirado do processo. Fazer o consumidor pensar um pouco é algo automaticamente descartado. Essa é a cultura e como costumamos dizer por aqui, tudo que está na cultura tem suas consequências percebidas no comportamento da sociedade.
Ideias que exigem mais raciocínio têm sido descartadas. Por exemplo, esse texto, caso tivesse sido narrado em um vídeo, ou até mesmo em um áudio, teria mais adesão porque exigiria menos do espectador. Uma ideia muito boa para criar novos produtos, porém, muito ruim quando o assunto é cultura e seus resultados.
Nessa batida, podemos prever que em breve audiobooks irão superar os livros, e corremos o risco de pessoas alfabetizadas não compreenderem o que estão lendo. Mesmo que saibam identificar uma palavra, não terão acesso aos conteúdos e símbolos que estão por trás do que está escrito. Já perdemos a conjugação da segunda pessoa do plural e mais uma série de palavras que costumavam expressar pensamentos.
Pensar saiu de moda porque exige dos ‘clientes’ mais esforço do que aceitar pensamentos prontos. Pensamentos prontos confortam, assim como comidas ricas em gordura. Porém, pensamentos prontos engordam nosso cérebro e nos deixam sem fôlego para pensar por conta própria.
É inevitável. Em algum momento seremos cobrados para pensar por conta própria e talvez seja esse o momento que irá nos dizer que amadurecemos.
Simplificar a linguagem é o mesmo que simplificar o pensamento. Simplificar o pensamento é o mesmo que ficar no raso.
Ficar no raso é desesperador para quem sente que deve mergulhar profundamente.