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O PROBLEMA NÃO É O V.A.R

Posted on 26 de julho de 202411 de dezembro de 2024

O futebol é a representação da cultura na qual está inserido. Um “problema” com o VAR apenas indica o problema real. A cultura que estamos fomentando é bizarra e baseada em mentiras. 

Dentro do vestiário, é de se imaginar que o jogador que fingiu sofrer uma falta que resultou na marcação de um pênalti seja aplaudido e louvado pelos colegas; afinal de contas, a partida estava difícil e todos precisam vencer. Perder um jogo traz dificuldades nos campos financeiro e contratual, e é como jogar uma lenha na fogueira das frustrações dos torcedores. 

Mas é humilhante do ponto de vista humano. Já passamos por isso em 2014.

Lembram quando Fred, o atacante da seleção na Copa do Mundo, fingiu cair na área e o juiz marcou um pênalti? Ele não foi aplaudido pela torcida e recebeu muitas críticas por causa daquela simulação. Naquele momento, estávamos sendo assistidos pelo mundo, e o comportamento daquele atleta apenas mostrou o nosso comportamento geral. O jeitinho brasileiro é feio de se ver, é fruto de uma série de maus hábitos e está enraizado em nossos comportamentos mais básicos e, tudo indica, que ele contamina quem pisa aqui nessas terras. Jogadores estrangeiros, da América Latina no geral, aderem rapidamente a esse jeitinho. 

Ou será que isso é um privilégio terrível de países subdesenvolvidos como o nosso?

 Hoje, a imprensa brasileira está debatendo como resolver os problemas do VAR, pois a coisa precisa ser muito justa, e a resposta é: vigiar e punir corretamente. Caso estivéssemos falando apenas sobre futebol, se o futebol fosse apenas um esporte, não seria tão grave. Mas o futebol é a representação dos comportamentos de um grupo, e tudo o que ocorre dentro das “quatro linhas” ocorre fora delas. Esse comportamento de vigiar e punir já invadiu a vida cotidiana e o futebol ajuda a espalhar e normalizar este conceito. Vigiar e punir pois somos como crianças que irão aprontar alguma coisa caso ninguém esteja vendo. Homens com mais de 30 anos agindo assim. 

As coisas que acontecem na cultura tem seus efeitos nos hábitos e os hábitos são como trilhas que nos levam para algum lugar. Fast foods nos levam para a obesidade, alimentação equilibrada nos leva para a saúde. Para onde você acha que fingir e simular faltas irá nos levar? Não pense em você, pense nos seus filhos? Para onde eles estarão indo com estes comportamentos, com estes hábitos? 

O V.A.R não é o problema, mas “jeitinho” de corromper as coisas é que é. Um jogador não ter vergonha de simular uma falta é um problema. O jogador entrar na área pensando em cair, ao invés de tentar, de fato, fazer um gol, é um problema.

Na vida comum, é o mesmo que torcer para que uma pedra de uma obra caia em nossa cabeça para que possamos colocar a empreiteira na justiça, talvez nos aposentar por invalidez e não precisar mais trabalhar. 

De onde vem essa nossa tendência?

De qualquer forma, a gente percebe essa humilhação, no futebol, de 4 em 4 anos. Ultimamente, temos percebido de 2 em 2, com os fracassos da Copa América. 

Esse “jeitinho” precisa ser combatido, de alguma forma, e é na cultura, no hábito, em nossas vidas comuns.

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