A clareza é um dom. Ser didático e certeiro não é uma tarefa simples. Um grande músico, atleta, filósofo nem sempre é um bom professor. Aliás, a tendência é que sejam péssimos professores. Mas existe um bom motivo para isso. Essas pessoas adaptaram os ensinamentos para as suas próprias condições e, por isso, tornaram-se grandes em suas modalidades profissionais.
Quando pensamos na média das coisas, dois conceitos logo pulam em nossa mente: o meio e a mediocridade. Dois lugares que ninguém gosta de habitar. Mesmo assim, temos que conviver com essa ideia de mediocridade por toda a nossa vida. Somos bons em algumas coisas e não tão bons em outras. E o motivo para sermos melhores em algumas coisas é que conseguimos compreender a técnica, mas, acima de tudo, conseguimos adaptá-la para nós.
Não adianta apenas seguir o manual, isso qualquer robô faz. É preciso viver o manual.
A partir daí, torna-se muito difícil explicar para as outras pessoas os caminhos que tomamos para evoluir naquela atividade.
Existe uma história muito utilizada nas teorias de administração de empresas que exemplifica bem esse fenômeno sobre a didática das coisas.
Dois empresários abriram o mesmo tipo de negócio, no mesmo dia, oferecendo o mesmo número de produtos, na mesma cidade, na mesma quadra. Um estava tendo sucesso e o outro se afundando em dívidas. Os dois iniciaram com o mesmo número de clientes, mas um deles começou a perdê-los. Na cabeça do empresário endividado, não havia explicação, pois eles estavam fazendo exatamente a mesma coisa. Porém, havia um argumento que não estava aparente. O empresário de sucesso era proprietário do local, enquanto o endividado estava pagando um caro aluguel.
Resumo da história: cada pessoa possui suas adaptações necessárias para ter sucesso. Um bom professor é o que sabe dessas nuances e apenas indica o caminho, mas exige que o aluno, acima de tudo, compreenda a si mesmo dentro das técnicas.
Performance tem a ver com técnica, sim, mas, antes de tudo, tem a ver com a compreensão sobre si.