Skip to content
Menu
VOLTAR

PRODUTOS DE LIMPEZA

Posted on 13 de setembro de 202413 de setembro de 2024

“Aquele te que criou sem ti não te salvará sem ti.” – Santo Agostinho 

Venho trabalhando, já há algum tempo, no desenvolvimento estratégico de comunicação para alguns produtos de limpeza. E, como a gente costuma falar por aqui, a estratégia acontece na cultura, de tal modo que cultura e estratégia significam a mesma coisa.
No caso dos produtos de limpeza, existe um conceito fundamental para tudo e qualquer coisa que possa se relacionar com limpeza, seja ela física, psíquica ou espiritual. Para “vendermos” um produto de limpeza, por exemplo, para limpar mesas, antes de tudo será preciso enxergar, perceber e sentir que a mesa precisa ser limpa. Para isso, antes de qualquer coisa, será necessário implementar comportamentos que organizem o ambiente até o ponto em que a mesa, suja, seja percebida destoando do ambiente doméstico. O que quero dizer é que não poderemos vender produtos para limpar mesas para pessoas que não arrumam o seu quarto, pois a bagunça e a desordem no ambiente não permitirão nem mesmo que elas enxerguem a mesa suja.
Trata-se de uma questão prática, física, e talvez seja apenas a primeira camada de uma desordem muito maior.
A tendência é que a bagunça aparente seja reflexo de uma bagunça interior.  Os ruídos são incontáveis, e a bagunça mental tornou-se uma espécie de clichê. Aqui vai um pequeno resumo, hipotético, de uma rotina matinal da maioria das pessoas:

  1. Tocou o despertador (celular)
  2. Entrei nas redes sociais (só para dar uma acordada)
  3. Meu cérebro vai ligar depois de alguns conteúdos
  4. Achei um conteúdo que parece edificante – pah! Um comercial barulhento com alguém gritando, mais um, mais dois….

E esse modus operandi tende a seguir durante e até o fim do dia, e, mesmo que o sujeito perceba que ingressou na roda das redes sociais, será muito difícil retomar a estrada da ordenação mental. Soma-se a isso as músicas com ruídos e batidas primitivas. Ou seja, tudo colabora para que o cérebro humano não pare nem mesmo um segundo para refletir suas ações. Não parece lógico que estejamos vivendo uma epidemia de ansiedade? 

A bagunça se instalou de tal maneira que especular sobre assuntos de forma um pouco mais profunda tornou-se enfadonho para o cidadão médio. Esse fato é percebido, de forma ainda mais aguda, no comportamento das crianças, que já não gostam de repetir exercícios e atividades. Precisam estar sempre estimuladas, com novos e diferentes estímulos.
Na camada espiritual, da mesma forma, torna-se impossível vender produtos para limpar mesas. Os ruídos não entram por acaso. Trata-se de um vazio interior que, sem rumo, sem diretriz concreta a ser seguida, é preenchido pela cultura que está à sua volta. Ou seja, a cultura do ruído, das multitelas, do antidepressivo, que, no fim das contas, pode ser resumida como o primeiro inimigo da autorreflexão, concentração e calma.
Os apóstolos cristãos tinham como missão endireitar os caminhos de Cristo para que as pessoas pudessem, de alguma forma, chegar e visualizar que ali estava a Salvação da alma. E, tal qual um produto para limpar mesas, não há como levar as pessoas até Cristo se elas não percebem que a mesa está suja. Antes de tudo, será preciso transmitir o conceito de ordem interna, que passa pelo quarto, pela casa, invade a mente e tudo o que deixamos entrar e consumir nossas energias mentais. No fim, claro, percebemos a mesa suja, há meses suja. 

É no espírito que sentimos a energia se esgotar de verdade. Quando sentimos que falta motivação, não é o corpo nem a mente que estão fraquejando. É o espírito mostrando os efeitos da bagunça espalhada pelo sistema e das inúmeras atividades (cultura) que abraçamos sem considerar os efeitos negativos. Enquanto algumas drogas estão impulsionando o corpo e a mente, teorias astrológicas justificando comportamentos, pets servindo como simulacros de uma das maiores conquistas humanas, a alma vai sendo esquecida, como uma mesa suja em meio à bagunça generalizada.
O produto de limpeza está lá, aguardando o dia em que poderemos utilizá-lo e perceber como é importante ter uma mesa limpa dentro de casa. Está lá aguardando a ativação de uma nova estratégia que considere, pelo menos, os impactos espirituais na vida comum. 

A estratégia de limpeza da casa, da nossa casa mais profunda e particular, que é a nossa alma, precisa de alguns ajustes básicos para avançar. Arrumar a cama, lavar a louça, recolher o lixo, varrer a casa, dar bom dia ao porteiro e ler algum livro clássico, são fundamentais e básicos. E, claro, essas coisas vem antes das redes sociais, caso contrário, fica para o outro dia, semana, mês, ano… até chegarmos a um ponto sem volta, em que arrumar a casa exigirá mais energia do que o benefício da casa arrumada. 

Você consegue enxergar algumas atividades que tornaram-se rotina em sua vida que estão consumindo sua energia espiritual? 

Acredito que alguns indícios moram nas coisas mais populares do momento. No nosso caso, hoje, são conteúdos irrelevantes, sexo casual, drogas e bebidas, esgotamento profissional, comidas processadas… Cada uma destas atividades que eu acabei de citar, só estão em plena vigência por conta de uma cultura que  as sustenta. Para mudar alguma coisa, será preciso tocar na ferida. Será preciso mudar essa cultura.
Não foi por acaso que nossos pais, antigos pais, nos obrigavam a fazer certas coisas chatas que pareciam não ter sentido, e a “sociedade” nos cobrava certos comportamentos, que pareciam ser “opressores”. 

A dor do corpo nem sempre é dor para a alma. Restringir comportamentos dói, mas edifica.  

Compartilhe
  • Whatsapp
  • Facebook
  • Twitter
  • Linkedin

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Newsletter

Assine nossa newsletter e comece a transformar sua rotina hoje.
©2025 | WordPress Theme by Superb WordPress Themes