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Ser caótico não é um elogio

Posted on 6 de setembro de 20236 de setembro de 2023

A Resistência adora o caos.

Steven Pressfield

Estamos sendo adestrados como animais para abraçar o caos com naturalidade. Conversar com alguém, olho no olho, sem que esta pessoa esteja olhando para o celular já faz parte de um lugar distante. E são tantas opções dentro do celular, tantas distrações apetitosas. Logo pela manhã, já surge uma carga de trabalho que o celular demandou. São vídeos, memes, curtidas e compartilhamentos que precisam ser feitos. O cérebro faz tudo parecer real e natural. Parece fundamental para uma vida comum, cumprir com a carga de atenção exigida nas redes sociais para não se sentir um patinho feio. Reclamar por atenção qualificada é quase uma falta de educação. A coisa vai piorar, aguardem.

Para imaginar o modo como estamos atuando durante o dia, nossos pequenos dias, podemos imaginar uma situação em que precisamos arrumar o quarto enquanto estamos atrasados. A coisa não sai como deveria, muitos detalhes são esquecidos, e é provável que ninguém passaria um pano para tirar o pó, em uma situação de pressa. A ideia de caos faz o mesmo dentro da nossa rotina. Com distrações infinitas, os detalhes se perdem, conversas tornam-se superficiais, atividades tornam-se mecânicas. Estamos sempre com uma demanda para nos distrair do momento, da circunstância. O presente que circunda o instante. 

Mesmo assim, muita gente percebe algumas necessidades e deseja mudar de vida, mudar as coisas para um lugar melhor. E para qualquer movimento será preciso, primeiro, eliminar a ideia de caos e incorporar a ideia de limitações. Temos poucas opções e poucos recursos, não podemos fazer qualquer coisa com nossas vidas, as opções são escassas.

O mundo não é um caos. Aliás, o conceito de mundo é ainda muito reduzido para o ser humano. Sabemos muito pouco sobre o nosso umbigo, imagina sobre o mundo. Podemos até pensar em intrincados jogos políticos e filosóficos, mas a verdade é que pouco sabemos sobre as coisas, e está tudo bem. Ninguém precisa compreender o mundo para viver no mundo. Mas é preciso compreender o mundo à sua volta para vencer a Resistência que ataca diariamente. 

A ideia de caos é um desses mísseis que o inimigo manda para o nosso território. O mundo não é um caos e ser caótico não é um elogio. As opções são limitadas, dá para organizar tudo. Mas o caos vem, ele chega em algum momento arrebentando com nossas convicções, e isso é sinal de que esquecemos o primeiro passo, que é olhar para si em busca de grandes descobertas sobre nossas opções. Nossas opções são nossas habilidades e talentos que irão compor esse grande tema que tocará por muitos anos através da nossa rotina. Quais são os jogadores que você colocará em campo? As aptidões que irão trabalhar em seu favor? Antes de qualquer coisa, conquiste a sabedoria de saber quem você é. Antes de qualquer coisa, identifique os seus ingredientes e trabalhe em cima deles. Contudo,  uma coisa é certa, para fazer isso você precisa sair da perda de tempo dos vídeos infinitos das redes sociais. Isso é o certo.

Como resolver o caos?

Uma ideia que funciona é a de anotar o próprio nome no papel e criar uma estrutura em volta. Mas, isso só funciona depois de você lavar a louça, arrumar a cama, a mesa e deixar os objetos da sua casa no lugar em que eles devem estar. Com o seu nome no centro do papel, vá encaixando sonhos, desejos, responsabilidades e tarefas que você precisa e gostaria de cumprir. Pense no período de um ano a partir de hoje. Você quer desenvolver uma habilidade? Qual é? Como fazer? Anote. Anote em um lugar importante. Não faça nada que irá se perder. Anote para que você enxergue esse momento mesmo que nada seja feito. Imagine que daqui a um ano você encontrará um papel cheio de sonhos e desejos. Imagine que você não tenha feito nada do que anotou. Esse é um momento triste para toda a humanidade. Você não fez nada do que desejou e perdeu um ano inteiro fazendo coisas que não estão de acordo com a sua diretriz. A sua diretriz ainda está abafada pelos vícios. 

Um dia desses, eu encontrei um caderno com, talvez, uma das primeiras anotações sobre minhas intenções. Constava ali: Carteira de motorista (Eu já tinha meus 25 anos, dirigia e não tinha carteira) Recomeçar meu tratamento ortodôntico (Foram dez anos de enrolação) Falar Inglês e escrever um livro. O que me tocou mais é que muitos tópicos haviam sido concretizados, porém, os mais difíceis, que precisavam de constância e dedicação que teriam recompensas somente a longo prazo, eu não havia nem mesmo iniciado. Falar Inglês e escrever um livro. Eu não escrevi, pois pensei que não teria resultados. O que o primeiro livro me traria fora o fato de eu o ter concretizado? Nada. Eu não conseguiria vendê-lo, eu não tinha certeza de que isso poderia ser uma carreira e exigiria muito trabalho. Porém, esse sentimento sempre esteve comigo e, caso eu não tivesse encontrado essas anotações a tempo, eu poderia, facilmente, estar caminhando em direção à frustração de não ter feito o que eu deveria ter feito para me salvar do próprio caos. 

Nós preferimos não anotar nossos desejos, pois já partimos da ideia de fracasso. O inimigo é a nossa própria mente que já não acredita mais na própria capacidade. É como já iniciar o campeonato com a certeza de que irá perder. Aceitamos que o mundo é um caos e o nosso lugar é ficar aqui mesmo, sem saber para onde ir, nem para o que veio fazer. Essa é uma tragédia.

Somente escutando a voz da própria alma clamando por realizações, vamos ter uma ideia do que pode ser feito. Com a cabeça baixa no celular vai ser muito difícil ouvir alguma coisa.

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