Seja em nossa vida comercial, seja em nossa vida amorosa, precisamos de novidades e melhorias para nos sentirmos encantados. Caso contrário, uma nova oferta surge com promessas de melhores experiências e somos atraídos por ela.
No futebol, não é diferente. Os clubes precisam melhorar um pouco a cada ano para atender à demanda de seus torcedores e também para tentar melhorar os resultados na próxima temporada.
Mas será que o futebol brasileiro, como um serviço que atende à maior parte da população, como uma experiência de conteúdos para o público aos moldes do show business, não está precisando de uma melhoria geral para atender melhor às expectativas?
Essa pequena paralisação por conta das enchentes no Rio Grande do Sul gerou um acúmulo de partidas adiadas que precisarão ser resolvidas de alguma forma. Uma delas é acumular tudo em um curto espaço de tempo, dando a mínima para o desempenho dos atletas. E para os torcedores apaixonados e entregues apenas ao palco deste show, o alto rendimento é adquirido por altos salários.
O torcedor não consegue, ou nem quer, imaginar que se trata de pessoas trabalhando dentro de uma indústria, assim como ele. A única diferença é o salário e a visibilidade. Mas a verdade é que não existe alto rendimento com atletas esgotados.

Outra solução seria adiar as partidas de forma um pouco mais saudável, o que invadiria o ano de 2025 e atrapalharia o calendário das competições estaduais. Essas competições que, para os grandes clubes, servem como um empecilho para uma boa pré-temporada, oferecendo a possibilidade de muitas lesões em gramados desgastados, contra times do interior com menos técnica, mais afinco e nada a perder. Um tipo de competição que, sendo racional, talvez já devesse ter sido extinta do calendário, pelo menos dos clubes que jogam a Série A do campeonato brasileiro.
Temos jogadores de sobra aqui em nosso país. Nem mesmo os nossos times são piores do que os principais clubes europeus.
Mas o calendário que jogamos aqui impede o desenvolvimento técnico e tático das equipes. Um erro de percepção sobre o “produto” futebol. Parece que os dirigentes imaginam que quanto mais jogos, melhor. Quantidade de jogos ao invés de qualidade.
O resultado é que temos diversos jogos que servem apenas para cumprir tabela.
Esqueceram, ou não compreenderam, que o futebol se transformou em um espetáculo artístico e que precisa de alto desempenho para cumprir o seu papel.
Se não voltarmos nossos olhos para o alto desempenho, saudável obviamente, o futebol brasileiro tende a perder mais credibilidade, mais adeptos e jamais irá competir com os europeus.
Será que ainda devemos insistir nos campeonatos estaduais?