“O orgulho se apaixona pelas próprias criações e tenta torná-las absolutas.”
Jordan B. Peterson
Estamos sempre em busca de respostas, sim, mas buscamos aquelas que nos agradam. Elas precisam estar de acordo com o mundo idealizado e imaginário que criamos em nossas cabeças. Passamos grande parte da juventude lutando para encaixar peças imaginárias na realidade dura e concreta. Nos apaixonamos pelo nosso próprio reflexo no espelho. Tornamo-nos orgulhosos.
Passamos grande parte da juventude imaginando que tudo o que enxergamos nesse espelho trata-se da realidade. Imaginamos que ali se enxerga o que é certo, o que é bom e nada é duvidoso quando olhamos para dentro de nós mesmos.
Dentro dessa paixão autoproclamada, sem freios e inconsciente, tornamo-nos vítimas das próprias aspirações. Passamos grande parte da vida imaginando que o que há em nossa imaginação, em nossos pensamentos e ideias, é tudo o que há para saber.
O orgulho, o ego, as paixões desordenadas são narrativas que nos aprisionam. Elas nos engessam, pois representam apenas elementos muito pequenos da realidade. O ser humano é uma máquina de fazer histórias, e não será preciso muitos argumentos para descrever a realidade imaginária, pois na imaginação tudo funciona, e todos os argumentos se encaixam.
Uma vida de 20 anos já se sente capaz de descrever a realidade inspirada em algumas coisas que foram ouvidas e que, por algum motivo, despertaram aquela ideia de que ali há a verdade sobre o mundo.
Com esses poucos elementos, criamos uma grande narrativa que nos guiará pelo tempo que for necessário até que nosso ego seja quebrado ao meio. Até que, em algum momento, a realidade bata em nossa porta e diga que não será mais possível prosseguir, a menos que a loucura seja uma opção.
Somos, no fim de tudo, seres que vivem compondo narrativas. Somos mais inclinados à loucura do que à realidade.