O imaginário no esporte
“The most important part of a player’s body is above his shoulders.”
A capacidade de imaginar o sucesso pode ser treinada. Na vida comum, esse tipo de assunto costuma ser considerado chato, sem aventura e muito filosófico. Mas, no esporte profissional, já não há mais como escapar: o atleta que pensa melhor, imagina melhor, e seu corpo reage a isso com melhores resultados.
As ideias moldam as emoções, e as emoções puxam o gatilho das ações. Portanto, a regra é clara: a parte mais importante do corpo de um jogador está acima dos ombros.
Em um estudo publicado no livro Foundations of Sport and Exercise Psychology, um psicólogo esportivo dividiu uma equipe de esquiadores americanos em dois grupos com habilidades semelhantes. Um grupo recebeu treinamento psicológico com imagens; o outro serviu como grupo de controle, apenas treinando as habilidades técnicas. O treinador rapidamente percebeu que os esquiadores que treinavam a capacidade psicológica e cognitiva estavam evoluindo mais rápido do que os do grupo de controle. Ele então cancelou o experimento e passou a exigir que todos os seus atletas treinassem com imagens mentais.
Quando plantamos no imaginário, a colheita é feita em campo.
No mundo esportivo, trata-se de imaginar o sucesso das ações. Parece simples, mas não é. Um jogador está errando o último passe e não entende o motivo. Nos treinos está tudo certo, mas nos jogos o passe não sai. Os treinadores e colegas percebem que se trata de uma questão emocional e dizem:
- “Cara, tenha calma.”
- “Tu precisa relaxar mais.”
- “Tu precisa te concentrar mais.”
São ótimos conselhos. O problema é que o jogador não consegue acionar o gatilho da calma, da concentração e do relaxamento. Se conseguisse, já estaria acertando os passes. O que os psicólogos esportivos estão dizendo é: antes de cobrar a si mesmo por resultados, o jogador precisa trabalhar a imaginação.
Nesses momentos de crise técnica, a auto cobrança começa por pensamentos recorrentes sobre o próprio desempenho. O atleta tenta se concentrar, mas sua mente está focada em evitar o erro, e não em encontrar o acerto. São coisas muito diferentes e esse é o grande problema.
Ao tentar “evitar o erro”, o atleta acaba inundando o cérebro com imagens do próprio erro. A intenção consciente é afastar o fracasso, e ele acaba pensando em fracasso para conquistar o sucesso. A neurociência chama o resultado deste pensamento de heurística da disponibilidade. Ao buscar respostas para um problema, as palavras e imagens que estão disponíveis de forma mais fácil serão utilizadas. Nesse caso, erro, evitar, não posso… tornaram-se disponíveis. É o que o cérebro tem para trabalhar e assim ele vai.
Um treino mental de imaginário inverte essa lógica: em vez de buscar evitar o erro, o atleta busca imaginar com clareza o acerto. Ao invés de evitar a derrota, ele busca encontrar a vitória. Dessa forma, as imagens e palavras que indicam vitórias e acertos estarão disponíveis na mente para serem utilizadas pelo cérebro.
Quem pensa em evitar o erro, a derrota, o rebaixamento, acaba pensando justamente nesses termos, e, com o tempo, concretizando essas imagens.
O treinamento do imaginário serve para substituir as imagens que evitam o erro por imagens que perseguem o acerto.
Pensem em um atleta prestes a bater um pênalti no último minuto do jogo. Se ele pensa: “Não posso errar”, ele estará trabalhando para facilitar o erro. O ideal é que ele visualize o acerto, a bola indo para o canto, o goleiro pulando pro lado oposto, a rede balançando.
No esporte de alto rendimento não há espaço para cogitar o erro. Caso ele aconteça, esteja preparado para seguir o jogo. Próxima jogada, próximo treino, próxima decisão.
Custa o mesmo pensar em vitória, acerto e sucesso do que em derrota, erro e fracasso.
Então, por que desperdiçar um segundo criando imagens negativas?
A única explicação para isso é o desconhecimento. E agora que você conhece esse fenômeno, pode começar a trabalhar imediatamente a criação de um imaginário de vitórias.
Crie um arsenal de imagens positivas. Nesse lugar, você pode acertar tudo o que treina. Claro, a mente só realiza o que o corpo conhece, e isso exige prática. A mente e o corpo funcionam juntos. Mas a parte mais importante ainda está acima dos ombros.
Mentalidade de Atleta – A vitória começa na mente.
Bah, sensacional. O nosso cérebro registra tudo. Pensar algo q “desejamos” e não o que “não desejamos” é uma virada de chave. Me ocorre a pergunta: o que vc gostaria de ter no lugar do que tem hoje? Assim a imaginação vai na linha do “acerto”, da possibilidade da conquista ne? Muito bom!